domingo, 4 de dezembro de 2016

Paradigmas e relações inter-raciais

Uma menina cresce ouvindo de parentes e estranhos, frases como: “alemão gosta de mulata”, “português gosta de mulata”, “italiano gosta de brasileira”,  “estrangeiro adora brasileira”, “ela era tão linda que virou a mulata do Sargentelli (leitoras nascidas depois dos anos 70 talvez não conheçam)”...
E dentro disso, ela vê que seus pais são iguais, mas a relação dos dois é fria e distante. Acreditem , os filhos nunca estão parados olhando para o nada, eles estão analisando cada situação, cada passo, cada palavra ou silêncio que os pais e outras pessoas do convívio fazem. E no futuro agirão de acordo com o que aprenderam em suas observações gravadas no inconsciente.
Nossas crenças são formadas por nós de acordo com aquilo que ouvimos, vemos e sentimos quando somos crianças portanto a crença dessa menina com relação á homens estará sendo formada com essas frases junto com o que observa ao redor. Quanto mais se repete, mais forte a crença ficará. 
Se essa menina  quando adulta entrar num relacionamento inter-racial  ela o fará esperando inconscientemente que seja como ela sempre ouviu.
E pela prática, pelo dia a dia as situações reais que envolvem um relacionamento desse tipo aparecerão e tudo será bem diferente daquilo que ela sempre ouviu e acreditou.

Nesse caso aceitar a realidade que se experimenta seria o mais sensato, mas as crenças  são tão fortes que a impedem de aceitar os fato de que raça não gosta de raça e cor não gosta de cor e sim pessoas independente de origem ou raça amam  pessoas.
Se  conseguir aceitar essa verdade, terá ainda que  quebrar todos os paradigmas e crenças da infância. Um trabalho interno doloroso que contará com pouca ou nenhuma ajuda de fora porque ninguém quer assumir que não é assim!
Já ouvi de uma pessoa muito querida que estava sofrendo muito no exterior o seguinte: “Não posso voltar para o Brasil! O que os vizinhos vão dizer?”

Num caso desses o mais importante é aceitar que as coisas são exatamente como você está experimentando. Dependendo da origem do relacionamento você será confrontada com situações diferentes. Observe cada situação, aceite que você não pode mudar os outros (pessoas ou uma nação) e use sua experiência para o seu próprio crescimento, talvez você tenha que aprender algo com isso. E se precisar ou decidir voltar para seu ponto de origem, não se envergonhe, nunca! Traga com você uma bagagem rica em conhecimento e crescimento e continue vivendo, sem culpas ou medos sabendo que você fez o melhor por você mesma, a pessoa mais importante nisso tudo.

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